Bastidores

Emicida e Ivete Sangalo fizeram a música “Trevo, Figuinha e Suor na Camisa” pra mim.

Meu mantra de vida é sonhar, imaginar e criar. Sempre foi. Eu acredito no poder dos sonhos e o poder de preservar nossos sonhos. A música foi feita pra mim. A música fala sobre minha vida.

Texto | Monique Evelle

Meu mantra de vida é sonhar, imaginar e criar. Sempre foi. Eu acredito no poder dos sonhos e o poder de preservar nossos sonhos.

A música foi feita pra mim. A música fala sobre minha vida.

“Eu volto todo dia que nem o sol cortando o horizonte (agora vai)”

Essa frase me fez lembrar do início do Desabafo Social, há 10 anos.

No final de 2011 até final de 2012, eu tirava quase todos os sábados para rodar o bairro que eu morava com uma mesinha e uma folha de ofício. Ficava naquele sol esperando a galera falar comigo. Sim, eu estava no meu lugar de escutar e entender o que fazia sentido pra conversar com as pessoas.

Percebi que era sobre música, novela e futebol. E foi assim que passei a utilizar a linguagem da música, da novela e do futebol para falar sobre direitos humanos.

No início todo mundo me ignorava, mas eu voltava todo dia que nem o sol cortando o horizonte e acreditando sempre que “agora vai”.

Hoje o Desabafo está ai, gigante! Tudo isso porque eu voltava mesmo todo dia que nem o sol.

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“Eu sou o sonho dos meus pais que eram sonhos dos avós que eram sonhos dos meus ancestrais”

Sem dúvidas eu sou exatamente isso!

Minha avó materna teve uns 10 filhos, paterna uns 8. Elas não puderam entregar o que gostariam para meus pais e meus tios e tias.

Meus pais fizeram o impossível para eu ser o que sou hoje. Pagaram escola com o dinheiro que mal tinham. Sempre me colocaram em contato com outras realidades. Nunca me negaram o direito à educação, cultura, saúde, lazer, os direitos básicos e necessários.

Meus pais me presenteavam com livros e sempre me permitiram sonhar. Falavam que só sonhando que a gente realiza. Foi assim que meu mantra sonhar, imaginar e criar surgiu.

Meus sonhos começaram a se realizar e consequentemente os deles também. Por isso, hoje eu realizo todos os sonhos deles que não estão ligados diretamente à mim.

Ser o que sou, estar onde estou é o sonho dos meus pais que eram sonhos dos avós que eram sonhos do meus ancestrais. E olha que estou apenas no começo!

“Vitória é sonho dos olhares que nos aguardam nos lares crendo que na volta somos mais”

Eu sempre digo que rodo mundo, mas eu volto.

É tão bom voltar e ser recebida com aquele olhar de “ainda bem que voltou”. E mais, “ainda bem que voltou e voltou bem”.

Eu sinto isso todo vez que volto pra casa. E quando eu digo casa, estou dizendo voltar pra onde meus pais nasceram, visitar os demais familiares e amigos.

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Sou que sou porque tenho minha torcida da sorte. Mesmo quando tudo dar errado, eles estarão lá esperando e sabendo que logo mais dará certo.

“O lar é nesse abraço a casa, detalhe onde plantamos paz. Se tem metade divide, se tem o dobro convide. É assim que Deus vive nos mortais”.

Quando eu comecei a viajar pra fazer meu trabalho, quando comecei a ganhar grana alta , eu enviei a música “Mãe”, de Rick e Renner, pra minha mãe e destaquei a parte “Mãe, o que é que a gente faz, quando o sucesso não traz a paz que a gente procura?”. Ela simplesmente respondeu: “A gente pausa e volta pra casa”.

Eu tinha 17 anos. Eu pausei, voltei pra casa e entendi como deveria seguir daquele dia pra frente.

Por isso, não perco datas que são importante pra nós. Por isso, nego qualquer coisa que atrapalhe nosso momento.

E sobre Deus vive nos mortais, desde o início pandemia, Dani Siqueira e Takai, minhas grandes amigas, acompanharam absolutamente tudo da minha vida. ⁣

Teve um dia que liguei pra elas pra perguntar o que tinha acontecido em tal período , porque eu tinha esquecido. Muita coisa, muita intensidade e setembro começou agora.⁣

Desabafei, chorei, mandei mensagem dizendo que estava com medo, ansiosa, nervosa. Mas também vibrei com as novidades.⁣

Entre uma conversa e outra surge a conversa sobre Deus. Lembrando que Deus pode ser apenas uma pessoa que você admira. ⁣Falei que estive com Deus, na sala de estar. ⁣Neste caso estava falando sobre o encontro que tive com Angela Davis.

No dia seguinte, tivemos outra conversa e a resposta de Dani foi: ⁣

“Viu? Deus na sala, mas e se na sala só tem você? E Deus ri e cansa, chora, dança pacas e tira férias. Quem não é Deus em algum momento? – quando minha filha só para de chorar no meu colo. Quem há de ser Deus em muitas salas? Só não esqueça que Deus é mais divina assim – sendo gente. Confia em mim também. Eu sinto que coroas de olhos e admiração não pesam como ouro monárquico, são leves como a confiança.”⁣

Foi aí que percebi que Deus estava falando comigo naquela hora pelo WhatsApp e o nome é Dani Siqueira.

“É o primeiro diploma,a viagem, a nova porta que se abre. Da janela do carro o vento diz: Esteja atento aos milagres”

Eu tinha 8 anos quando escrevi no meu diário (e minha mãe guardou), quando eu escrevi tudo que gostaria de realizar na vida.

A primeira coisa que tinha lá era “ter dinheiro suficiente para pagar o plano de saúde dos meus pais”. Isso porque minha mãe tem anemia falciforme.

Em seguida tinha, fazer faculdade, comprar uma casa para meus pais, uma casa de praia, ter minha casa também, ser escritora e muitas outras coisas.

A partir dos 16 anos os milagres começaram a acontecer. Entrei na faculdade. Comecei com Engenharia Ambiental, pulei para Direito e me formei no Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades com ênfase em Política e Gestão da Cultura, na UFBA. E hoje estou finalizando a pós em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica, na UFSCar.

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E antes dos 25 anos, tudo que estava no diário foi realizado.

“Eu joguei pro universo pedi um novo dia onde tudo se ajeita. E nossa colheita é paz e alegria. Eu joguei pro universo vibração positiva, trevo, figuinha e suor na camisa”

Assim como muita gente, eu já passei por momentos de querer desistir. Momentos que não tinha forças pra levantar, só chorava. Tive crises, tive culpa por ter o que tenho.

Tive que romper com pessoas, tive que sair de ciclos tóxicos de amizades e colegas de trabalho. Eu vivi um inferno em determinados momentos.

Se não fosse o cuidado espiritual, eu estaria vivendo isso ainda.

E entendi que a colheita só existe pra quem planta. E sim, eu plantei. Nada foi da noite pro dia.

Hoje eu reconheço, agradeço e contiuo.

“Então eu vou passo da formiga, faço figa, compra a briga desde a antigas. Humilde no passinho de formiga E o coração diz: – siga”

Não é fácil seguir. Ainda bem que tenho pessoas ao meu lado.

E sobre passo de formiga, sempre foi assim. E não será diferente.

Até porque tem um provérbio africano que diz:

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“Muita gente pequena em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas mudarão a face da Terra”.

Obrigada Emicida, Ivete e Natura por fazer uma música pra mim e sobre minha vida.

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